sexta-feira, 1 de maio de 2015



Foto: Max Reinert

Quando escolhemos trabalhar a partir de um tema como a reciclagem do lixo, sabíamos que um dos maiores riscos que correríamos seria entediar os espectadores. Em nossa experiência, temos percebido que a maioria dos espetáculos criados para escolas e campanhas sobre assuntos específicos acabavam saindo do terreno artístico e se tornando apenas uma simples troca de informações didático-pedagógicas.

Nossa principal busca, neste sentido, foi encontrar uma dramaturgia e um equilíbrio entre forma e conteúdo que discutisse o tema em questão, mas deixasse espaços abertos para a imaginação das crianças e adolescentes. Mais do que criar uma aula, queríamos estimular os espectadores a reconhecer no espetáculo os objetos descartados do cotidiano e, ao mesmo tempo, se deixassem levar por essas novas configurações dadas a eles, embarcando na história e no carisma dos personagens.

Dando continuidade à pesquisa desenvolvida pela Téspis Cia. de Teatro, buscamos construir uma dramaturgia sem palavras, apoiada fortemente nas imagens poéticas e nos personagens que nasceram a partir da improvisação dos atores / manipuladores.

O lixo foi nosso ponto de partida e nossa meta. Toda a cenografia e a produção do espetáculo foi criado a partir da sucata produzida pelos próprios integrantes do projeto. Os participantes também passaram por um processo de relação com o entorno, recolhendo materiais por onde quer que estivessem, uma vez que passaram a enxergar o lixo não mais como descarte, mas sim como material passível de transformação e reaproveitamento.

O principal objetivo de uma peça teatral, no nosso modo de ver, não é «ensinar» algo. Antes de qualquer coisa, buscamos «instigar» os espectadores a partir das imagens criadas e mostradas durante a fruição do espetáculo. As conclusões feitas posteriormente são tanto bem vindas para a companhia, como podem contribuir com o processo de formação das crianças e adolescentes de maneira provocadora e prazerosa.

Não se trata, dessa forma, de perverter o objeto artístico, mas antes acreditar nele como potência disparadora de múltiplos processos mentais e criativos no espectador. Acreditar que a potência criadora instalada nos participantes durante a criação da obra possa, de alguma forma, reverberar durante a recepção da mesma. O teatro e a reciclagem não como um fim, mas como um meio para reinventarmos nossa relação com o mundo.


Foto: Max Reinert

Release: 
Discussão sobre sustentabilidade com humor e ludicidade

Criado originalmente para o projeto "Reciclando com Arte" (vencedor no edital Petrobras Socioambiental - Comunidades - 2014), o espetáculo Cabeça de Papel poderia se transformar em apenas uma ação educativa sobre reciclagem. Mas, os artistas da Téspis Cia. de Teatro resolveram apostar na união entre forma e conteúdo e o que poderia ser apenas uma aula sobre a reciclagem do lixo, acabou se transformando em uma experiência para os próprios artistas.

Foto: Max Reinert
Para construir o espetáculo, os artistas envolvidos na construção dos bonecos, cenários, dramaturgia e atuação reviraram o lixo de suas próprias casas (e também dos amigos) para reunir a matéria prima utilizada. "Praticamente todos os bonecos foram construídos com sucata. Na verdade, a maioria dos personagens nasceu a partir da observação e da experimentação das sucatas que estavam disponíveis para serem utilizadas", explica    Max Reinert, diretor e dramaturgo do espetáculo. "Nossa ideia não era 'falar sobre a reciclagem'. Não queríamos ter apenas um discurso sobre o assunto. Utilizamos a reciclagem como disparador criativo e criamos uma obra que educa pelo exemplo, explorando as possibilidades que o próprio lixo oferece para ser transformado", completa.

"Cabeça de Papel", o personagem central desta história, vive num lixão e se alimenta do que as pessoas jogam fora. Influenciado pelos habitantes desse lugar, vai aprendendo a transformar objetos e todo tipo de lixo que encontra em outras formas, que servem como ferramenta para que ele próprio se transforme. E aos poucos o entorno vai ganhando cores, luzes, sons e um novo mundo vai aparecendo.

Outras fontes também serviram como inspiração para a criação do espetáculo. Criadores e equipe técnica se inspiraram na cultura das ruas, como o grafite e o hip hop, e tentam chamar atenção para o respeito às diferenças, sobretudo das classes marginalizadas, por não enquadrar-se no sistema de consumo vigente. Essa influência, apresenta-se principalmente na trilha sonora, que foi composta especialmente para a peça, sendo um elemento de grande importância, uma vez que o espetáculo não possui falas.

"O espetáculo também foi pensado para se apresentar em vários tipos de espaço diferentes. Se a ideia é conscientizar, não queríamos ter muitos impedimentos para fazer o espetáculo circular livremente", informa Denise da Luz, coordenadora de produção do projeto. "Dessa forma, reafirmamos a intenção de divertir e informar as mais distintas plateias, para contemplarmos regiões da cidade e do estado que ainda não têm espaços adequados para apresentações teatrais", completa.


Foto: Max Reinert
Cabeça de Papel estreou no Centro Educacional Prof. Cacildo Romagnoni, em Itajaí, no dia 06 de abril de 2015. Sua primeira temporada, dentro do projeto Reciclando com Arte, realizou 84 apresentações em 41 escolas da Rede Municipal de Ensino de Itajaí, com patrocínio da Petrobras (através do edital Petrobras Socioambiental - Comunidades) e apoio do SESC Itajaí e Secretaria Municipal de Educação / Prefeitura de Itajaí


Foto: Max Reinert

Ficha Técnica:
Dramaturgia e Direção: Max Reinert 
Manipulação de Bonecos e Objetos: Cidval Batista Jr, Jônata Gonçalves e Monique Neves 
Trilha Sonora Original: Hedra Rockenbach 
Cenário e Iluminação: Max Reinert
Cenotecnia: Jociel Cunha
Construção de Bonecos: Cidval Batista Jr
Apoio na Confecção de Bonecos: Jônata Gonçalves, Mayara Conceição e Max Reinert
Programação Visual: Leandro de Maman
Produção: Téspis Cia. de Teatro
Coordenação de Produção: Denise da Luz


Foto: Max Reinert
Sinopse: 
O espetáculo teatral "Cabeça de Papel" utiliza-se do teatro de formas animadas e tem como tema e linguagem a reutilização criativa de materiais recicláveis. Desta forma, todos os elementos utilizados em cena, como os bonecos, cenários, adereços e figurinos, são confeccionados com sucata. Inspirado também na cultura das ruas, como o grafite e o hip hop, chama atenção para o respeito às diferenças, sobretudo das classes marginalizadas por não enquadrar-se no sistema de consumo vigente.

Cabeça de Papel, o personagem central desta história, inicialmente é alguém que vive num lixão e se alimenta do que as pessoas jogam fora. Aos poucos vai aprendendo a transformar objetos e todo tipo de lixo que encontra em outras formas, que servem como ferramenta para que ele próprio se transforme. E aos poucos o entorno vai ganhando cores, luzes, sons e um novo mundo vai aparecendo.



Necessidades Físicas

O espetáculo tem duas versões. Uma pode ser apresentada em qualquer espaço alternativo com no mínimo 05mt X 05mt (mais espaço para o público), sem necessidades técnicas. O grupo se responsabiliza pelo equipamento sonoro e não há utilização de iluminação.

Na versão completa, as seguintes necessidades são ideais para a realização do espetáculo:

Palco Italiano -
Caixa preta com as seguintes dimensões mínimas:
06 metros de largura, 06 metros de profundidade, 04 metros de altura
Iluminação
10 refletores PC 1000W, 06 refletores PAR 64 #2, 05 refletores Elipsoidais (com facas)
Sonorização
Mesa de som com entrada para notebook, caixas com potência adequada para o local.
Transporte
05 pessoas (03 [três] atores e 02 [dois] técnicos)
Cenários são transportados com o grupo, há um pequeno excesso de peso.

Clique para ampliar:



Clipping


   

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